Dedicatória ao Pedro Aleixo
Vi – te hoje, depois da dedicatória, não falámos mas passamos um pelo outro e paramos, tu olhastes – me vi que os teus olhos tremelicavam e as pálpebras cansadas e persistentes, querendo demonstrar de algum modo tristeza. O teu olhar era intenso, profundo e verdadeiro, especial, por certo, não o consigo explicar, quase chorava por algo impossível…
Da primeira vez que te vi foi para me distrair: eu vim em busca do amor. O amor é um bichinho que rói, rói, rói. Mas agora era um sentimento novo que estava a sentir, e que não havia palavras para descrever.
Não nasci com asas, mas o céu já era meu, quando o avistei.
O mar e o céu vivem de mãos dadas no horizonte. São como siameses que o universo separou para que a terra pudesse existir. Sou mais feliz dentro de água ou acima da terra.
Sempre quis viajar, conhecer todos os continentes, aprender várias línguas, viver em muitas cidades até descobrir um lugar perfeito onde o mar e o céu se encontrem sempre com o meu olhar. Uma terra tranquila sem guerras e com sol, um segredo escondido que não venha em nenhum mapa e onde não tropece em turistas de chinelos caros e chapéus de palhaço rico.
O que eu nunca pensei, meu grande amor que me esperas ao final da tarde numa casa branca cujas janelas se encontram com o horizonte em que aos siameses se juntam, e em que posso voar em terra e mergulhar nas ondas sempre que te vejo, posso chegar ao céu sem ligar os reactores e deslizar sobre as águas com a perfeição dos pequenos gestos.
«O amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer…»
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